Uma organização criminosa que utilizava um perfil falso do WhatsApp com a foto do comandante-geral da Polícia Militar de Minas Gerais (PMMG) é investigado pelo Ministério Público de Minas Gerais (MPMG). Nesta sexta-feira (13 de junho), o órgão realizou mandado de busca e apreensão em uma residência em Goiânia, capital de Goiás, com o intuito de reprimir o grupo — que é especializado na aplicação de golpes por meio de anúncios fraudulentos de aluguel de imóveis em Uberlândia, no Triângulo Mineiro. 

Como a organização criminosa agia?

De acordo com o Grupo de Atuação Especial de Combate aos Crimes Cibernéticos (Gaeciber) do MPMG, os golpes começaram em maio deste ano e as investigações também. Contudo, os valores arrecadados pelos criminosos e o número de vítimas do golpe ainda não foram revelados.

O órgão aponta que os criminosos publicavam anúncios de aluguel de imóveis em Uberlândia com valores atrativos e disponibilizavam contato via WhatsApp, utilizando indevidamente a imagem do líder da PMMG como foto de perfil. "Para justificar a impossibilidade de mostrar o imóvel pessoalmente, os criminosos alegavam estar "de plantão" no serviço militar, prometendo às vítimas a entrega da chave do suposto imóvel no Batalhão da PMMG, criando um cenário que induzia os interessados a acreditar na legitimidade da oferta", reitera o Ministério Público.

Após conquistar a confiança das vítimas, os suspeitos solicitavam pagamento antecipado de valores, via PIX, como "sinal" para reserva do imóvel e posterior entrega das chaves. Depois de realizada a transferência os anúncios eram excluídos das plataformas digitais. O MPMG identificou vítimas na região de Uberlândia, com registros policiais tanto de tentativas quanto de estelionatos consumados.

Conforme o Gaeciber, a prática revela características típicas de organizações criminosas bem estruturadas, com divisão de tarefas, uso de recursos tecnológicos e atuação em vários estados brasileiros. Durante a operação, as autoridades apreenderam dispositivos eletrônicos que posteriormente serão periciados.

"O Gaeciber destaca que a operação exemplifica a eficácia da estratégia de integração entre MPMG e as Polícias Civil e Militar na resposta coordenada aos crimes cibernéticos. Além disso, repudia veementemente o uso indevido da imagem de autoridades para a prática de crimes, conduta que transcende o prejuízo às vítimas diretas e atenta contra a credibilidade das instituições públicas e a confiança que a população deposita nas forças de segurança e no Estado", enfatiza o órgão.

Operação 'Claviger'

Segundo o Gaeciber, a ação faz parte da operação “Claviger”, termo latino que significa "portador de chaves". O título faz referência direta ao modo de agir do grupo, que prometia às vítimas a entrega de chaves de imóveis inexistentes ou indisponíveis. O nome também simboliza o trabalho investigativo do Gaeciber em "abrir" as camadas de ocultação digital utilizadas pelos criminosos para mascarar suas identidades e atividades ilícitas.

Como se proteger de golpes?

Diante dos golpes digitais revelados na operação “Claviger”, o MPMG orienta a população sobre medidas essenciais de proteção: 

  • Desconfie de anúncios com preços significativamente abaixo do valor de mercado, pois ofertas “imperdíveis” frequentemente mascaram tentativas de fraude;
  • Exija e faça visita presencial ao imóvel antes de qualquer pagamento, já que criminosos costumam criar justificativas elaboradas para evitar encontros presenciais;
  • Tenha especial atenção a solicitações de pagamentos via PIX sem confirmação inequívoca da identidade do recebedor, modalidade preferencial dos criminosos pela rapidez e dificuldade de bloqueio e rastreamento dos valores;
  • Quando o anunciante apresentar perfil de autoridade pública ou militar, recomenda-se verificação adicional através dos canais oficiais das instituições mencionadas, eis que criminosos exploram o respeito e confiança que a população deposita em agentes públicos, utilizando essa credibilidade como instrumento de persuasão fraudulenta;
  • Verifique criteriosamente a documentação do proprietário e do imóvel, solicitando e conferindo documentos originais;
  • Verifique a regularidade do imóvel junto aos órgãos competentes;
  • Não realize pagamentos antecipados baseados apenas na promessa de entrega posterior de chaves ou documentos.